sábado, 10 de junho de 2017

Entrevista com Jong Tae Se



Publicado em 16 de setembro de 2015 em nossa página no facebook

Consegui graças a ajuda do caro amigo Tadeu Martins que é empresario e trabalha na agência Loyalty Football Agency na qual o jogador faz parte.
Então eu enviei algumas perguntas e recebi boas respostas,espero que gostem.
1- Como Foi a sua experiência de jogar uma Copa do Mundo?
R: "Foi a melhor coisa da minha vida. Eu amei a classificação, nunca mais vou esquecer a longa caminhada que fizemos juntos, fomos muito unidos. Depois na Africa do Sul, as coisas não foram boas. Infelizmente o melhor que me lembro, foi ter pisado no gramado em um Mundial. Porque a única coisa positiva, foi a experiência, e o facto de enfrentar o penta campeão, Brasil. Foi o melhor jogo que fizemos, na qual quase empatamos".
2-Qual o jogo mais inesquecível de sua carreira?
R: "Já fiz muitos gols, em muitos jogos, mas o empate 0-0 com a Arabia Saudita, foi o meu preferido. Antes de entrar o líder (pai de Kim Jong Un) nos ligou em voz alta e disse: "O país inteiro está com vocês, debaixo de tanta sanção e tensão que fazem contra nós, somos nós que temos de ir contra o mundo e provar que valemos e merecemos estar nesse maldito mundial." Depois antes de entrar o treinador e o capitão Hong Yong Jo sussurrou no meu ouvido: "Tese, eles é quem precisam vencer, um empate fora serve para nós. Vais jogar sozinho lá na frente, eu sempre que tiver a bola vou lançar para ti, só tens de a aguentar." No final do jogo as estatísticas diziam que estive com a bola em minha posse mais de 8 minutos, nunca mais vou esquecer a importância que teve eu conseguir aguentar tanto tempo com a bola."
3-Qual seu grande ídolo no futebol?
R: " Vejo tantas pessoas a dar crédito ao Pirlo, mas o Nakamura era tão bom, ou melhor que ele, cada toque deitava classe. Mas o meu jogador favorito, por ser da minha posição e ter jogando com ele, é o Podolski."
4-A Coreia do Norte foi sempre sua primeira opção ou em algum momento pensou em defender a seleção japonesa?Gostaria que comentasse sua relação com as 2 pátrias
R: "Eu nasci em Nagoya, e eu tinha um vizinho norte coreano que era treinador Aichi Korean High School, os meus pais me levavam lá porque achavam que eu dava um bom atleta, e esse vizinho me dizia sempre no treino, és tu quem nós precisamos para fazer história na nossa Coreia do Norte. Sobre o Japão, é onde nasci, sempre me tratou bem, mas nunca trocaria o meu sangue, joguei de coração pelo meu país, e dei tudo o que tinha ao povo. Até chorava quando ganhava, sabendo o quão dificil é para os norte coreanos, pela diferença que somos tratados pelos países. Mas eu amo a todos, e foi um prazer viver no Japão e jogar por uma grande nação como a Coreia."
5-Já pensou em defender algum clube norte coreano?Já teve algum contato? Seria algo histórico,pois seria o primeiro jogador não nascido por lá a atuar no campeonato local
R: "Sim, após o mundial o Hong Yong Jo disse que estavam precisando de um atacante, mas os meus objetivos passavam pela Europa em 2010. Na minha primeira internacionalização, o querido Líder me também me disse que tinha a porta aberta para o campeonato deles, que estava melhorando as estruturas. Mas também me aconselhou a ir para a Europa, pois evoluia como jogador, e podia ajudar mais a seleção. Agora que isso passou, sinto-me feliz aqui no Japão e não me importo de ficar por cá. Atualmente, eu sei que o campeonato tem um italiano, e um jogador brasileiro, o jogador italiano é filho de um cozinheiro emigrante, e o jogador brasileiro foi contratado após um jogo de um clube brasileiro contra a nossa seleção em Pyongyang, de preparação para o Mundial."
6- Sobre sua passagem pela Alemanha (Bochum e Colônia )oque acha que faltou que desse realmente certo no futebol germânico?Teve alguma relação com a pífia campanha da RPDC na Copa?
R: "No Bochum, fui o melhor goleador da equipe, tinha tratamento muito atento por parte dos meus colegas, e até uma professora alemã. Quando fui para o Colônia, pensei que tudo era mais fácil, pois o treinador fez força para eu vir, e eu até já falava alemão, estava super adaptado. Mas o treinador foi embora, e a vinda de outro treinador me passou para segundo plano. Isso acontece muito no futebol, quando vem um treinador novo, desvaloriza o que o outro treinador fez. E fui vitima disso. Decidi ir embora por isso, até treinava a parte dos restantes, só para eu pedir para ser vendido. Quanto a isso, acho que não, porque fiz um bom jogo contra o Brasil, e marquei em jogos de preparação no mesmo mês, contra a Nigeria e Grécia, e foi visto por milhares"
7- O que te fez pensar em aceitar jogar na Coreia do Sul,onde falar sobre a Coreia do Norte é algo complicado? Como define essa parte da carreira?
R: "O Suwon Blue é um clube de nome, e me ofereceu o dobro do salário, e a vida de jogador é curta. Os sul coreanos sempre me trataram bem, e tenho raízes de lá, não vi o porquê de não aceitar. Eles tinham bons objectivos, tanto nacionais como na Liga dos campeões. O problema foi que no último ano de contrato o presidente pediu-me para eu fazer o passaporte Sul Coreano, e aceitei. Ele pediu, porque precisava de inscrever mais um estrangeiro. Fiz isso para ajudar o clube, mas isso não foi bem visto pela Coreia do Norte."
8-Sua ida para o Suwon pode ter pesado em futuras não-convocações para a seleção chollima?
R: " Sim, ainda cheguei a ser pré-convocado, e quando chegava lá, o departamento médico diziam que eu não estava em condições. Eu percebi que tinha deixado de ser opção por isso. Chorei muito de saudade, se o Kim Jong-il ainda fosse vivo, ele certamente não me iria impedir de jogar na seleção. Depois na Copa da Ásia 2015, na Australia, eu ia ser convocado, estava no site da FIFA como estrela da equipe. O Suwon recebeu um fax, e tinha lá 24 jogadores. Quando viajei para Pyongyang, me sentaram, e foram frontais comigo. Disseram que queriam fazer uma equipe jovem, e que o objetivo do torneio era preparar os mais jovens para as qualificações. Que a Coreia não fez muitos gols nas ultimas Copas, e as possibilidades continuavam minimas, e que como era para preparar o projeco 2018, eu já não era opção para esse projeto promissor"
9-Sua volta ao futebol japonês,no Shimizu S-Pulse tem relação com algum problema político relacionado a Lei de Segurança Nacional sul coreana?Como suas comemorações com o punho erguido?
R:"Eu sempre falei para a minha representação e agência, que gostaria de voltar ao Japão. A situação se desenrolou e surgiu o S-Pluse antes do Kawasaki Frontale, e eu decidi voltar ao Japão mais cedo do que esperado. Nunca tive qualquer problema em lado nenhum, não me meto em questões politicas, se não sou politico, nem tenho potencial para tal. Todos os países que estive são seguros e as pessoas são felizes, na Coreia do Sul eu nas oitavas de final da AFC Champions League, fiz 3 gols, mas não evitei a eliminação, e precisava de um novo desafio, e achei que a J-League, era o indicado."
10-O que você acha da atual seleção norte coreana? Vê chances de ir a Rússia e fazer uma boa campanha?
R: "Sim, penso que não vai deixar fugir essa oportunidade de passar para a última fase de qualificação. Na Ásia, tem equipas com nome, como o Japão, Irã, Coreia do Sul, Australia e Arábia Saudita, depois tem EAU, Qatar, China e Uzbequistão com dinheiro e a investir forte para fazer frente às potencias, e depois tem seleções como a Coreia do Norte que jogam com o coração e de vez em quando consegue surpreender. A Coreia do Norte já eliminou a Italia num Mundial, e já estivemos num mundial, onde deixamos de fora o Irã e Árabia. Já provamos que somos capazes, e temos uma equipe jovem, e mais jovens virão, atenção ao mundial Sub-17, vocês vão ver o que estou falando, nós somos uma futura potência, e agradeço ao Kim Jong Un por investir no futebol, porque vai dar certo. Quanto a estar neste mundial, eles têm trabalhando muito fora de campo, a Liga é mais forte, os jogadores jovens são talentosos, e estão trabalhando desde 2013 para esse mundial, essas três vitórias não foram ao acaso, acredite. Mas, cada coisa a seu tempo, agora o foco é estar na última fase, depois logo se vê, se não passar agora, nem planos se pode fazer para a última fase de qualificação.
Por fim lhe mandei uma mensagem de agradecimento:
Quero lhe agradecer pela entrevista e dizer que sou um grande fã da Coreia do Norte e de seu futebol e a divulgo bastante no Brasil,e desejo-le sorte no Shimizu na disputa da J-League
E recebi uma resposta que mostra como ele é além de grande jogador,uma ótima pessoa:
"Obrigado amigo, continue apoiando nossa equipe por favor!
Nós amamos todos nossos fãs, e eu agradeço a entrevista, e boa sorte para o seu Brasil"

Link:https://www.facebook.com/futebolnaCoreiadoNorte/posts/943249689050585

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