A cada quatro anos, os fãs de futebol aguardam ansiosamente a Copa do Mundo, esperando que as estrelas que amam brilhem ainda mais junto com o torneio.
No entanto, na Copa do Mundo de 2014, muitas dessas estrelas sequer conseguiram abrir suas asas e tiveram que deixar o Brasil antes do esperado.
Quem foram esses jogadores representativos?
Talvez seja possível colocar o capitão da equipe de Portugal, Cristiano Ronaldo, no primeiro lugar dessa lista.
Nos últimos anos, entre os fãs de futebol, houve debates acalorados sobre quem é o jogador mais excepcional: Messi ou Cristiano Ronaldo.
A intensa disputa entre esses dois jogadores, cujo nível técnico é praticamente impossível de comparar, gerou também uma competição por gols, e os confrontos entre o Barcelona de Messi e o Real Madrid de Cristiano Ronaldo se tornaram os mais acirrados do cenário do futebol europeu.
Entretanto, nessa disputa, Messi conquistou vantagem ao receber quatro vezes o cobiçado prêmio Bola de Ouro, e somente no ano passado Cristiano Ronaldo pôde, pela segunda vez em sua carreira, ser agraciado com esse troféu.
Até mesmo antes do início da Copa do Mundo deste ano, o interesse dos fãs pela seleção de Portugal, da qual Cristiano Ronaldo fazia parte, era enorme.
No entanto, no dia 17 de junho (16 de junho no Brasil), na primeira partida da fase de grupos contra a Alemanha, a seleção portuguesa sofreu quatro gols consecutivos e, junto com ela, o nome de Cristiano Ronaldo, que não conseguiu apresentar nenhum bom desempenho, acabou sendo rapidamente soterrado.
A segunda partida era a última chance de Portugal manter a esperança de avançar para a próxima fase, mas nem Cristiano Ronaldo nem seus companheiros conseguiram encontrar uma saída.
A imagem dele ajustando repetidamente a braçadeira de capitão dava a impressão de um esforço desesperado para levantar uma equipe que parecia prestes a desmoronar, mas, sozinho, ele não tinha como salvar o destino já selado do time.
Assim, com o fim da fase de grupos, a participação no palco da Copa do Mundo do ganhador da Bola de Ouro da FIFA terminou ali mesmo.
Entre as estrelas que partiram deixando tristeza no coração dos fãs estava também o goleiro da seleção espanhola, Iker Casillas.
Reconhecido mundialmente como um dos melhores goleiros da atualidade, Iker Casillas viu, neste torneio, as expectativas do treinador e dos jogadores de sua equipe desmoronarem por completo.
Em competições internacionais anteriores, nas quais a seleção espanhola conquistou três títulos, Casillas havia se tornado o último e mais confiável bastião da equipe.
Entretanto, já na primeira partida da fase de grupos contra a Holanda, ele cometeu erros graves.
Somente nessa partida, ele permitiu cinco gols, e contra o Chile não conseguiu defender mais dois.
Na Copa de quatro anos atrás, rumo ao título, ele havia sofrido apenas dois gols em sete partidas.
Comparado àquela realidade, o que se viu hoje é algo simplesmente inacreditável.
Seria por causa de seu estado físico? Ou pela idade?
Lágrimas se acumularam nos olhos de Casillas.
Será que ele conseguiria voltar a este palco daqui a quatro anos?
A cena dolorosa de vê-lo deixar o campo chorando ficará por muito tempo na memória dos torcedores.
O sonho de Andrea Pirlo, da seleção italiana, de conquistar a Copa do Mundo pela segunda vez em sua carreira também foi destruído no Brasil.
As pessoas ainda devem se lembrar do meio-campista que, na Copa do Mundo de 2006, marcou um belíssimo gol de longa distância contra a seleção de Gana.
Esse jogador era Andrea Pirlo.
Contribuindo enormemente para a conquista da Itália em 2006 e tendo atuações brilhantes em outras partidas, ele passou a ser chamado no mundo do futebol de um dos grandes mestres do meio-campo.
Neste torneio, muitos fãs esperavam ver novamente seu excelente futebol, mas Pirlo, que era praticamente a última esperança dos torcedores italianos, não conseguiu brilhar no confronto final contra o Uruguai, e a seleção italiana, assim como em 2010, acabou sendo eliminada ainda na fase de grupos da Copa de 2014.
O capitão da seleção inglesa, Steven Gerrard, também se despediu do torneio, carregando lembranças amargas, sem conseguir chegar àquilo que seria o ponto final de sua carreira como jogador: uma boa campanha em uma Copa do Mundo.
Junto com isso, sua trajetória de 14 anos como jogador da seleção nacional também chegou ao fim, tendo o jogo contra a Costa Rica, sua 114ª partida, como encerramento.
Para ele, a partida contra o Uruguai se tornou a mais dolorosa de toda a sua carreira.
O erro que cometeu naquele jogo foi enorme.
Na partida decisiva que definiria se avançariam ou não para a próxima fase, aos 86 minutos, ao tentar cortar de cabeça um longo lançamento do goleiro uruguaio, acabou oferecendo a Luis Suárez uma chance de gol perfeita, resultando na derrota da Inglaterra no segundo jogo e na eliminação precoce, sendo a primeira equipe a cair do grupo.
Essa foi a 113ª partida de Gerrard pela seleção.
Experimentando derrotas amargas e despedindo-se precocemente da Copa do Mundo, as imagens dessas estrelas partiram o coração dos torcedores e, ao mesmo tempo, levantaram a seguinte pergunta:
Por que seleções que contavam com jogadores do nível de um atacante mundialmente reconhecido como Cristiano Ronaldo ou um goleiro de classe mundial como Iker Casillas foram as primeiras a serem eliminadas?
É claro que parte da responsabilidade recai sobre os treinadores, mas isso também reflete outro aspecto do mundo do futebol.
Houve um tempo, na história das Copas do Mundo, em que o destino de uma equipe era fortemente determinado pelo desempenho individual de jogadores excepcionais.
Se, em 1954, a seleção húngara liderada por Puskás derrotou o Brasil por 4 a 2 nas quartas de final e chegou à decisão, em 1958, o francês Fontaine marcou 13 gols em uma única edição do torneio, contribuindo enormemente para levar sua equipe ao terceiro lugar.
Ele próprio tornou-se o detentor do recorde de maior número de gols em uma única Copa do Mundo, e esse recorde permanece inalterado até hoje, mais de meio século depois.
Pelé, que em 1970 ajudou a tornar a Taça Jules Rimet propriedade definitiva do Brasil; Maradona, que em 1986 conduziu a seleção argentina ao título mundial…
Tudo isso, porém, pertence ao passado.
Com o rápido avanço da técnica no futebol, a era em que um jogador excepcional poderia decidir sozinho o destino de sua equipe ficou definitivamente para trás — esta foi a resposta dada ao mundo do futebol pela seleção alemã, campeã da Copa do Mundo de 2014.
Nem mesmo a técnica de Messi, que havia recebido quatro vezes consecutivas o prêmio de melhor jogador do mundo, conseguiu superar o poderio coletivo da Alemanha na final deste torneio.
Por isso, especialistas do futebol mundial concordaram em avaliar a conquista alemã como uma vitória do espírito coletivo sobre a genialidade individual.
Quando a alta capacidade técnica de todos os jogadores se combina harmoniosamente com a força do coletivo, o resultado é um poder extraordinário.
Artigo publicado no Cheyuk Sinmun (Jornal dos Esportes) em 25 de novembro de 2014